quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sem vacina

“Os horrores do cotidiano brasileiro inoculavam como vacina: cada dose de horror reforçava os anticorpos que protegiam a nossa sanidade. A barbárie banalizada nos insensibilizava, e a indignação e a resignação encontraram seu ponto de equilíbrio em nossas veias. Não se sobrevive em meio à miséria do país mais desigual do mundo sem essa imunização adquirida, a única maneira de viver aqui com um mínimo de normalidade, para quem não é um insensível nato. Mas as vacinas previnem contra germes rotineiros. O terror dos imunologistas é o germe novo, o germe imune à prevenção, o germe até então desconhecido. A escalada de horrores no noticiário brasileiro dos últimos tempos desafia todas as nossas defesas. Com aquele incêndio do ônibus com pessoas presas no seu interior, depois com a história do menino arrastado até a morte, entramos no terreno do horror inimaginável, do horror inédito. E com medo de que este também se banalize. Nada na longa história da miséria humana brasileira nos vacinou contra isso.”


O Mundo é Bárbaro e o que nós temos a ver com isso de Luis Fernando Ver!ssimo

Um comentário:

ninee. | torres disse...

fazia muito tempo que não passava por aqui... e senti falta... adorei os ultimos posts, principalmente sobre a lista de requisitos para namorar contigo hehehehe
ainda assim, faz tempo q tu náo escreve... tenho novidades e estou mandando por e-mail..ñ é nd demais, só pra contar, mesmo...
beijo beijo beijo beijooo