Avanço tecnológico nos mantém em contato constante sem a presença corporal
Com a invenção do telefone, a comunicação entre as pessoas foi facilitada. Sem precisar estar frente-a-frente, a troca de informações pôde disseminar e levar a mensagem rapidamente ao seu receptor.
Recentemente, conhecemos a internet, ferramenta capaz de nos levar ao Japão em segundos, ao mesmo tempo nos manter em conversas com alguém na África, e com nosso vizinho de apartamento. Ainda, descobrimos a teleconferência, que além de conversar com pessoas distantes, podemos vê-las instantaneamente. É como conversar com a nossa televisão, e ela responder.
Marshall McLuhan, em “Visão, Som e Fúria”, descreve a evolução da comunicação em três etapas principais. A primeira, primitiva, antecede a tecnologia, a segunda, pós-renascentista, enfatizou a linearidade do pensamento e o predomínio da visão, e a terceira, verbi-voco-visual, produzida pelo avanço tecnológico.
Da mesma forma que temos rápido acesso à informação, rapidamente a lemos, sem nos aprofundar muito no assunto, e ficamos vulneráveis a notícias incoerentes e falsas. A velocidade acarretou na falta de concentração e capacidade de discernir e sondar enigmas.
Tais avanços trouxeram também a comodidade. Muitas pessoas sequer saem de casa para realizarem as compras no supermercado. Apenas conectam-se ao site, enchem o carrinho, efetuam o pagamento com cartão de crédito ou débito e pronto. Em minutos resolvem o que levariam horas para fazer, sem enfrentar trânsito e filas.
Há também aquelas pessoas que se comunicam somente através do computador. Que contatam amigos, namorados, tudo por mensagens instantâneas. Passam horas, senão dias, diante da máquina, sem ter contato físico com alguém.
Sem dúvidas, são ferramentas que hoje não conseguimos mais viver sem. Crescemos numa geração dependente e sedentária, necessitada de praticidade, onde tempo é dinheiro. Mas o que deixamos de vivenciar e aprender nas ruas, nos obstáculos urbanos, são coisas que jamais teremos no meio eletrônico. Emoções e alegrias incapazes de serem transmitidas pelo “msn”.
Uma forma que alguns pais encontraram para ficarem próximos aos seus filhos foi a adesão à internet. Eles se conectam em busca de informações, dicas de saúde, comparações de preços, e entretenimento como jogos para crianças, é o que aponta a pesquisa divulgada no mês passado pela Associação Européia de Propaganda Interativa. A pesquisa revela que adultos com filhos passam mais tempo na internet do que aqueles que não possuem filhos. O acesso aos sites varia conforme a idade dos respectivos filhos.
Podemos repensar atitudes e valores presentes em nosso cotidiano, não deixar de usar e compartilhar desses mecanismos que foram criados pelo homem para enriquecer nosso trabalho. Mas sim saber moderar seu uso, utilizá-los de maneira eficaz e inteligente, para que sobre mais tempo para longas caminhadas no parque com amigos, ou para aquele “abraço de urso” no filho e marido.
Estudo da Universidade da Carolina do Norte (EUA), publicado no Psychosomatic Medicine, revela que o contato físico pode aumentar a longevidade. Ao abraçar, o nosso corpo aumenta a produção de oxitocina, um importante hormônio ligado à fidelidade que estimula a união entre as pessoas, afirma a psiquiatra Kathleen Keating, autora do livro “Terapia do Abraço”.